Os Markovitz eram uma das poucas famílias judias num bairro sossegado da Pensilvânia, onde os enfeites de Natal iluminavam a rua. Na casa deles, porém um candelabro iluminado – a menorá – na janela lembrava a todos que também era a festa judaica Hanukkak.
Um dia, por volta das 5 horas, Judy Markovitz foi despertada pelo barulho de vidro quebrado. Ela e marido desceram correndo e viram que a janela fora quebrada. A menorá estava no chão, a moldura em pedaços. Devem ter usado um bastão. Quem fez aquilo teve de se espremer por trás dos arbustos para alcançá-la.
Para a família Markovitz, era uma agressão agravada por sua história pessoal. Os pais e a sogra de Judy estiveram em Auschwitz, que seguiram da Ucrânia para os Estados Unidos em 1974. Toda família da mãe dela morreu.
Ela sabia que pessoas mais velhas, como ela, precisavam se sentir seguras, por isso nada lhe contou sobre o incidente. Tentou também proteger os seus filhos. Naquele dia passaram grande parte do tempo em casa, porque o marido teve de mandar trocar a janela. Os vizinhos foram lhes dizer como lamentavam o ocorrido.
Uma dessas vizinhas, que hoje mora na Carolina do Norte, explicou seu raciocínio. Sei que a menorá representa um milagre de Deus antes que nossa fé fosse conhecida como Cristianismo. Sei que houve um rei que disse aos judeus que eles não podiam praticar sua religião.
Quando eles recuperaram Jerusalém e viram que o Templo havia sido profanado, quiseram reconsagrá-lo, mas só encontraram um pouco de óleo, o suficiente apenas para uma noite. Resolveram usá-lo assim mesmo e ele ardeu durante oito noites. Foi um milagre do mesmo Deus que louvamos. O que não compreendo é por que alguém haveria de pegar um símbolo de seu amor e usá-lo para o ódio.
Havia coisas que os Markovitz também não compreendiam. Depois que a janela foi consertada, a família foi para a casa do irmão de Judy, sem saber que os vizinhos estavam trabalhando em outros reparos.
Naquela noite, quando os Markovitz voltaram da visita e entraram na rua, tiveram uma visão extraordinária: quase todas as casas no quarteirão estavam adornadas por uma menorá iluminada.
Vicky Markovitz, filha de Judy, hoje com 18 anos, recorda-se daquelas janelas reluzentes como uma afirmação de compaixão e espírito comunitário. Foi assim como se dissessem: Se quebrarem as janelas deles, terão de quebrar as nossas também. E a luz se espalhou.
Marcadores: cristianismo, Hanukkak, luz, menorá, Natal, solidariedade